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Elise e o Ctrl+Z temporal

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“Se você pudesse apagar qualquer elemento do seu passado, o que você apagaria?”

Elise perdeu sua família e tudo o que possuía por causa de um acidente. Sua vida é triste, deprimente e sofrida, sem perspectivas. Até encontrar-se com Chron, que lhe oferece uma solução: um dispositivo chamado Kairós, que é capaz de apagar elementos do passado e alterar sua própria história. No mundo comum, um aparelho que só existiria na ficção científica pode ser a solução ou pode ser a fonte dos problemas? Acompanhe a saga de Elise, suas decisões, seus possíveis arrependimentos e suas paixões ardentes.

Introdução

Elise é um livro nacional curto e muito envolvente sobre viagem no tempo, mais ou menos. A viagem no tempo existe, mas não é o elemento principal, já que toda a trama gira ao redor de um equipamento capaz de mudar o passado, o que significa mudar toda a sua história a partir daquele ponto. Elise recebe esse equipamento de um homem misterioso e decide usá-lo para mudar o acidente em que sua família morreu.

Existem alguns clichês, existem diversos furos (afinal não existe obra de viagem no tempo que não tenha furos), mas todas essas questões, na minha opinião, estão diretamente relacionadas à proposta do livro sobre si mesmo, e vou explicar melhor isso mais a frente. O livro conta com uma narrativa direta e sem enrolação, mas também com mistérios surpreendentes, te carregando pela história com um ritmo acelerado, ao mesmo tempo que você não tem todas as respostas até o final.

O fim, falando nele, é certamente incrível. Uma das melhores finalizações de livros desse tipo, deixando um gosto ENORME de “quero mais”, concluindo os arcos dos personagens e dando brecha tanto para um encerramento naquele momento, quanto para uma continuação futura (por favor Rodrigo). Vamos começar então, como sempre, pelos pontos fracos

O queijo suíço de roteiro

Veja bem, existem vários momentos de furo na história. Alguns releváveis, outros difíceis de engolir. O ponto bom e ruim é que a maior parte dos furos é em relação à decisões dos personagens, e não sobre a viagem no tempo em si. Não se preocupe, não vou dar spoilers, mas acho importante destacar algo: Em geral, eu me importo muito com furos de roteiro assim, me incomoda bastante, porém neste livro, esses detalhes não passaram despercebidos, mas eu me senti bem ignorando eles.

Acredito que todo o contexto da minha leitura tenha influenciado a isso. Pra início de conversa, eu peguei esse livro no susto, numa promoção da Amazon, e já comecei a ler. Em segundo lugar, o início do livro já me levou a pensar nele de uma maneira leve, a narrativa não se propõe a criar um universo gigante, complexo e multifacetado, a história claramente diz “Vamos contar a história dessa garota”. Claro que mudando o tempo, existem impactos em todo o mundo, mas o livro não trata a aventura como “vamos salvar o mundo” e sim como “vamos salvar a Elise”.

Essas questões logo no começo do livro, não me deixaram com uma expectativa de que aquela seria uma obra tecnicamente perfeita e profunda, mas uma aventura divertida e emocionante onde a protagonista estaria o tempo todo tentando se livrar de problemas que ela mesma criou. Muito simples, e da maneira que o escritor fez, muito bem contado e empolgante, portanto os furos existem? Sim, mas são determinantes para estragar a experiência? De forma alguma.

Correndo contra o tempo

A narrativa não para, não existem descrições longas de lugares, de expressões, de pessoas. Não existem muitos momentos reflexivos, mas também não é uma narrativa completamente agitada e cansativa, é possível parar e respirar, mas eu me senti vendo uma verdadeira série de viagem no tempo. Cada final de capítulo era instigante e tinha o objetivo de te levar para o próximo, talvez pelo autor ser desenvolvedor de jogos, ele tenha importado essa característica para o livro, já que você não pode deixar o jogador simplesmente avançar na história “por que sim”, ele precisa de um empurrão, e é isso que eu senti no fim de cada capítulo.

Mesmo assim, durante o livro, haviam capítulos mais calmos, mas nenhum era inútil, esse livro é um exemplo quando se fala da Arma de Tchaikov. Tudo que é dito, é usado, do começo até literalmente a última palavra, e todos os fatos levam ao próximo. É como deitar numa boia num rio e ser levado, você não se esforça pra ler, não se cansa, só aproveita a viagem. Algumas piadas eventuais e personagens sarcásticos também nos dão uma sensação de conforto em meio aos conflitos da história.

Os mistérios envolvendo a Kairós (empresa que criou o aparelho) também são bem construídos e apesar de ser neste ponto onde há o maior furo de roteiro do livro, o final ainda é muito surpreendente e satisfatório. O prólogo nos mostra, sem rodeios e enrolações, que nem tudo foi resolvido no fim e que aquilo estava longe de acabar. Agora só nos resta torcer para que tenha uma continuação.

Recomendo muito que leiam essa obra e me digam o que acharam sobre o livro e sobre a resenha. Se ninguém mudar o passado, nos encontramos semana que vem, até lá.

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